A Questão Metodista: Bispo Joel Martinez, Pioneiros no Metodismo

O Rev. Martinez, um membro fundador do National Hispanic Caucus (Caucus Hispânico Nacional) na Igreja Metodista Unida e um defensor de toda a denominação com o povo hispânico/latino, foi eleito bispo na Jurisdição Central Sul em 1992, aposentando-se em 2008. Foto cortesia do Conselho dos Bispos. Gráfico original por Laurens Glass. Versão portuguesa Rev. Gustavo Vasquez, Comunicações Metodistas Unidas.
O Rev. Martinez, um membro fundador do National Hispanic Caucus (Caucus Hispânico Nacional) na Igreja Metodista Unida e um defensor de toda a denominação com o povo hispânico/latino, foi eleito bispo na Jurisdição Central Sul em 1992, aposentando-se em 2008. Foto cortesia do Conselho dos Bispos. Gráfico original por Laurens Glass. Versão portuguesa Rev. Gustavo Vasquez, Comunicações Metodistas Unidas.

O bispo Joel Martinez, nascido em uma família de imigrantes, trabalhadores rurais e nutrido na tradição metodista, é conhecido como defensor dos pobres e defensor da justiça social. Por mais de meio século, ele advogou corajosamente contra práticas trabalhistas abusivas e discriminação étnica/racial – enquanto clamava por justiça para as necessidades dos trabalhadores pobres.

O bispo Martinez é neto de fazendeiros meeiros que vieram para o sul do Texas na virada do século XX. Ele nasceu em 3 de fevereiro de 1940 e foi batizado na igreja metodista local, La Trinidad Iglesia Metodista, em Seguín, Texas. Quando criança e durante a adolescência, trabalhou nos campos colhendo algodão com seu avô. As condições de trabalho dos trabalhadores agrícolas eram brutais. Homens, mulheres e crianças eram obrigados a trabalhar longas horas no calor, sem intervalos regulares, sem acesso a água potável ou banheiros, e por menos de quarenta centavos por hora. As crianças muitas vezes perdiam meses de trabalho na escola até o final da época de colheita.

Outros Bispos Metodistas Unidos de Descendência Hispânica/Latina 

Com o apoio de sua família, ele recebeu uma educação universitária, graduando-se na Universidade do Texas El Paso, com um diploma em história. Durante a faculdade, conheceu Raquel Mora, filha de um pastor metodista. Eles se casaram pouco antes de ele começar o seminário na Faculdade de Teologia Perkins, onde ele se formou com o M.Div. em 1965. Foi ordenado diácono na Conferência Anual de Rio Grande em 1962, e presbítero em 1965.

Em 1966, como um jovem pastor cumprindo seu primeiro compromisso após a ordenação como presbítero, o Rev. Martinez se juntou a outros líderes religiosos em apoio ao crescente movimento entre trabalhadores rurais que lutam por melhores salários e condições de trabalho. Naquele verão, no dia 4 de julho, centenas de trabalhadores agrícolas começaram a marcha de 490 milhas do vale do Rio Grande até a capital, Austin. Em um sermão incluído no livro Púlpito, editado pelo Dr. Justo González, Martinez lembra: “Sua causa era a justiça e suas demandas modestas: um salário mínimo por hora de US$ 1,25 e condições de trabalho humanas”. Durante todo o verão, ele caminhou com os manifestantes e ajudou a arrecadar alimentos e roupas para os trabalhadores e suas famílias para sustentá-los na jornada. No Dia do Trabalho, milhares de pessoas terminaram os últimos quilômetros de “La Marcha” para apresentar suas demandas por salários justos e melhores condições de trabalho.

Em suas próprias palavras

"Em 1966, marchei por justiça pelos direitos dos trabalhadores rurais de ter salários e condições de trabalho justos. Agora, 50 anos depois, marcharei novamente para comemorar essa marcha e apoiar salários decentes para todos os trabalhadores, acesso à saúde, oportunidades de moradia, educação e emprego para todos." (The Statesman , 15 de setembro de 2016).

Somos a família de Deus, chamados ao encontro, convidados para além do familiar e do conhecido a participar plenamente – como diriam Efésios – como cidadãos, não mais como estrangeiros; como membros da família da aliança, não mais como estranhos... 

A cor da pele e a categoria racial não diminuem ou aumentam nosso valor sagrado. O ato criativo de Deus sim. Green Cards, vistos e passaportes não conferem ou negam a dignidade humana. Deus faz isso. Nem o gênero, nem a orientação sexual, nem condições físicas ou mentais desafiadoras...

Metodistas Unidos de todo o mundo, somos parte de uma diáspora, originária do Jardim do Éden, se você preferir, ou originária da África Austral de uma única mulher. Como você quiser, somos uma família. Uma, uma família. (Sermão na Conferência Geral, 12 de maio de 2000).

Cinquenta anos depois, o bispo Martinez ajudou a liderar a comemoração da “Marcha dos Esperançosos”. Ele escreveu : “Eles caminharam e marcharam, mães e pais, inspirados por sua fé e motivados pelo sonho de um novo futuro para seus filhos e netos. Eles saíram dos campos de trabalho honesto e exigente, em meio a condições de trabalho desesperadoras e salários humilhantes para enfrentar a injustiça e a indiferença nos salões do poder na sede do nosso governo estadual.”

Sua defesa continuou ao longo da década de 1970, quando trabalhou com Cesar Chavez, ajudou a estabelecer a primeira clínica de saúde financiada pelo governo federal para os pobres em El Paso e apoiou a organização de pescadores pobres na ilha de Vieques, Porto Rico.

Havia poucos líderes hispânicos em papéis de tomada de decisão na Igreja Metodista em que o Rev. Martinez foi ordenado ou na Igreja Metodista Unida, formada em 1968. Também havia pouca atenção dada às congregações hispânicas/latinas, poucos recursos para apoiá-los, e poucas oportunidades de liderança para o povo hispânico. Os membros hispânicos da igreja eram em grande parte invisíveis e suas vozes inaudíveis. Isso o levou com outros líderes hispânicos e latinos a organizar e defender a representação e a inclusão em todos os níveis da igreja.

O Rev. Martinez foi membro fundador do National Hispanic Caucus (Caucus Hispânico Nacional) da Igreja Metodista Unida, conhecido desde 1970 pela sigla MARCHA (Metodistas Asociados Representando la Causa de los Hispano/Latino Americanos/as). Ele permaneceu ativo na MARCHA e ajudou a trazer o foco da denominação em igrejas locais de minorias étnicas, o Plano Nacional Hispânico (agora conhecido como Plano Nacional para Ministérios Hispânicos/Latinos), estabelecido pela Conferência Geral em 1992. Ele promoveu relações ecumênicas com o igrejas da América Latina e do Caribe. Sua influência ajudou a levar a denominação em direção à inclusão, diversidade e um compromisso de estar em missão com o povo hispânico e não simplesmente para o povo hispânico.

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Sua liderança nas igrejas locais e como defensor de toda a denominação com o povo hispânico/latino o levou a ser eleito bispo na Jurisdição Central Sul em 1992. Lá, ele serviu nas áreas episcopais de Nebraska e San Antonio até sua aposentadoria em 2008.

O bispo Martinez não foi apenas um defensor. Ele tem sido um líder em suprir as necessidades das comunidades de adoração hispânicas e latinas. Com sua esposa, Raquel, ele criou e ajudou a reunir e publicar muitos recursos de adoração em espanhol necessários, incluindo o hinário oficial em espanhol da Igreja Metodista Unida, Mil Voces para Celebrar (Raquel foi editora-chefe deste hinário) e Fiesta Cristiana: Recursos para la Adoración, um volume de atos de adoração em espanhol e bilíngues, canções e configurações musicais para a Sagrada Comunhão, um idioma espanhol paralelo ao Livro de Adoração Metodista Unido. 

Em seu sermão episcopal para a Conferência Geral de 2000, o Bispo Martinez encorajou a reunião global de delegados a se engajar no ministério de travessia de fronteiras. “Se o batismo é nosso comissionamento para a missão, então é, por implicação, o sacramento globalizante. Isso nos torna irmã e irmão de toda a família de Deus. Veja, há reuniões locais de cristãos, mas não há cristãos locais... Não somos inteiros sem os dons de todos!”

O bispo Martinez continua a chamar a atenção para os casos de injustiça, exclusão e racismo que experimentou em sua vida e que continuam a permear a Igreja hoje. Ele nos lembra que a igreja ainda não é a “grande multidão” do Apocalipse, incluindo, acolhendo e servindo pessoas sem distinção de cor, língua e patrimônio. 

Seguindo a tradição Wesleyana de defesa da justiça social e ministério com os pobres, o ministério vitalício do Bispo Martinez expandiu os limites para elevar o invisível e sem voz, atendeu às necessidades dos pobres e desprivilegiados e defendeu a justiça na igreja e além.

 

*Este conteúdo foi produzido por Ask The UMC, um ministério das Comunicações Metodistas Unidas.

**Sara de Paula é tradutora independente. Para contatá-la, escreva para [email protected]

 

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